Queridas filhas Ana Luísa e Ana Carla,
Para vocês e as gerações que depois de vocês virão,
faço de meu cotidiano uma eterna construção.
Meus modelos são os processos naturais,
as imagens que vislumbro, a convivência plena.
Protejo a vida, tal qual aprendi com nossos ancestrais,
olhando para além do agora e acima do tempo.
Preservo toda energia como se fosse o meu próprio alimento.
Conservo cada ser e o seu espaço o mais intacto que posso.
Reproduzo incansavelmente e determinada,
sem medo de ser chata,
cada ideia ou ato de economia de verde e de água.
Meus atos são insuficientes, sabemos,
mas indispensáveis tanto quanto os seus e os de toda gente.
O legado que quero deixar para vocês é a liberdade.
Que vocês sejam livres para brincar com seus filhos
ao sol, no mar, em rios e lagos.
E vejam o céu azul. E sorriam saudáveis.
Que vocês possam contar para seus filhos e netos
que minha geração tomou consciência de sua responsabilidade
e assumiu sua condição de natureza e a ela se reintegrou,
com inteligência, interação respeitosa e solidariedade.